domingo, 23 de setembro de 2012

PREF. SP 2012 - Parte Pedagógica(vários pedagógicos)

CANDAU, Vera Maria: pesquisadora e coordenadora do GECEC, grupo de estudos e pesquisas sobre as inter-relações entre Educação, Cotidiano Escolar e Culturas, da PUC do Rio de Janeiro.
Dentre suas publicações, dois livros têm sido mais solicitados nos concursos: “Reinventar a Escola” e “Educação, Sociedade e Culturas”.
Em “Reinventar a Escola”, vários educadores analisam alguns aspectos da escola, desde sua organização, contexto social, papel que lhe é atribuído até os sinais de desconforto e apreensão como a violência escolar e conflitos com a comunidade. A sensação é a de que a escola está inadequada aos tempos atuais. Portanto, reinventar a escola surge como desejo, projeto e caminho a ser construído. Nessa discussão a autora privilegia os eixos: das relações entre a escola e cultura(s); da questão da identidade, formação e socialização dos profissionais da educação e da construção do saber docente; dos saberes escolares e seu relacionamento com outros saberes socialmente produzidos e demais questões hoje colocadas para a construção de uma cidadania ativa.
A obra “Educação, Sociedade e Culturas” coletânea de textos, da qual é a organizadora, vem fazendo parte das bibliografias dos concursos mais recentes para educadores.
A questão central desse livro é promover a reflexão sobre as complexas relações entre educação e cultura(s) na sociedade atual, marcada por fenômenos como globalização, pós-modernidade e tecnologias da informação.
Questiona o papel da educação frente à realidade multicultural, desvela o caráter monocultural da cultura escolar e sua dificuldade em lidar com as diferenças. Afirma que articular igualdade e diferença, base cultural comum e pluralidade social e cultural, constitui hoje um dos maiores desafios para todos os educadores.


Testes:
1) Segundo Candau, no processo de reinventar a escola, enquanto efetivo espaço de aprendizagem e socialização dos saberes escolares e seu relacionamento com outros saberes socialmente produzidos e demais questões hoje colocadas para a construção de uma cidadania ativa, é preciso construir ecossistemas educativos, considerando que a ESCOLA precisa ser um espaço de diálogo entre diferentes saberes e diferentes culturas.
Nesse sentido essa autora propõe dialetizar
a) a cultura escolar e a cultura da escola.
b) a articulação entre escola e cultura harmônica.
c) o campo da didática com a cultura acadêmica.
d) a cultura jovem e a Educação Infantil.
e) a cultura escolar e o Projeto Pedagógico.

2) “Cresce, na América Latina, a consciência da necessidade do caráter intercultural em educação. Um currículo para a cidadania deve examinar a cultura escolar, o que significa dar novo sentido e forma a como os estudantes devem ser levados a desenvolver práticas e construir saberes voltados para um processo de educação intercultural.”
Segundo Candau este processo deve propor-se a:

a) contar, na escola, com a presença de diferentes grupos culturais de uma mesma sociedade.
b) estabelecer um horizonte pedagógico com atividades de integração de palestras, espetáculos artísticos, costumes de diferentes culturas.
c) orientar processos que têm por base o reconhecimento da diversidade e a luta contra a discriminação e a desigualdade social.
d) organizar, nas áreas sócio-históricas do currículo, o problema das diferentes culturas.
e) indicar e defender a coexistência harmônica das várias culturas no espaço escolar que recebe os efeitos da globalização.

3) Candau considera que na América Latina a qualidade da educação é vista como a solução da crise dos sistemas escolares, mas não relaciona essa crise com o tipo de sociedade que deseja construir.
Assim, para a autora, a educação na América Latina:
I – passa por um movimento de reformas em que é necessário rever as questões curriculares.
II – precisa “reinventar a escola”, ou seja, responsabilizar-se pela modernização de nossa educação, num mundo globalizado.
III – precisa resgatar as experiências de práticas educativas e produção do conhecimento da educação não formal e educação popular, liberando o potencial de transformação contido nelas.
IV – deve multiplicar e ampliar os diferentes, “locus” de produção do conhecimento reafirmando diferentes ecossistemas educativos.
Estão corretas as afirmativas:

a) I, II, III e IV
b) I, II e III, apenas
c) I, III e IV, apenas
d) III e IV, apenas
e) II e III, apenas

4) A presença de diferentes grupos culturais na sociedade brasileira deve levar a escola a um projeto político-pedagógico que tenha como princípio normativo o interculturalismo que pode ser definido como:
a) processo que tem por base o reconhecimento do direito à diversidade e a luta contra todas as formas de discriminação e desigualdade;
b) atividades esporádicas, que se concretizam através de palestras, espetáculos musicais, vídeos, etc, sobre diferentes culturas;
c) conjunto de atividades dirigidas a determinados grupos socioculturais ou escolas onde há presença significativa de alunos diferentes;
d) proposta de determinadas áreas curriculares, consideradas afins com atividades culturais, como as ciências sociais, filosofia, artes, etc;
e) abordagem da educação compensatória que tem objetivo diminuir os déficits culturais de determinados grupos.

5) Ao contrário do que acontecia freqüentemente no passado, um dos grandes desafios da atual escola brasileira é reconhecer a diversidade como parte indissociável da identidade nacional, o que pressupõe, por exemplo, a valorização da trajetória dos grupos que compõem a sociedade e o investimento na superação de toda e qualquer forma de discriminação. Nessa perspectiva, a escola deve ser:
a) ponto de partida para a consolidação de uma sociedade nacional homogênea e uniforme, condição essencial para a identidade brasileira;
b) centro de formação da cidadania, sustentada no princípio de que a desigualdade resulta de condições históricas sobre as quais não se pode agir;
c) motor do processo de padronização cultural do país, esforçando-se por suprimir a diversidade étnico-cultural ainda existente no Brasil;
d) local para se aprender que as regras do espaço público permitem a coexistência dos diferentes, em situações de igualdade;
e) valorização dos grupos étnico-raciais.

Gabarito: 1-a 2-c 3-d 4-a 5-d

 CAVALLEIRO, Eliane: pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Interdisciplinares sobre o Negro Brasileiro da Universidade de São Paulo. Doutoranda em Educação pela Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (FE-USP) e membro do Programa de Educação do Geledés – Instituto da Mulher Negra.
Duas obras da Cavalleiro têm sido requisitadas nos concursos:
• Do Silêncio do Lar ao Silêncio Escolar (Ed. Contexto, 2000)
• Racismo e Anti-racismo na Educação (Ed. Selo Negro, 2006)
Na primeira delas, o foco central é a convicção da autora de que o silêncio sobre as questões de discriminação racial é praticado tanto nos lares como nas escolas agravando o preconceito. Compreender parte do processo socializador na escola e na família no que tange à diferença étnica numa sociedade envolta em um manto de “democracia racial”, torna-se imperioso e é o interesse maior desse livro. O caminho percorrido foi o da pesquisa, desenvolvida em uma escola de educação infantil localizada na região central de São Paulo.
A segunda obra é uma coletânea de artigos sobre o racismo visto de diferentes ângulos e pretende contribuir para o processo de reflexão dos profissionais de educação na elaboração de estratégias de combate ao racismo na escola e na sociedade em geral.
Não adota um discurso de lamentação, mas procura dar visibilidade à discriminação de que crianças e adolescentes negros são objetos. Em todos os autores da coletânea nota-se a preocupação em ressaltar a importância da escola como uma instituição construtiva da cidadania como patrimônio coletivo.

Testes:
1) Para Eliane Larkin, as relações raciais no Brasil guardam um paralelo importante com outro tipo de relação opressora: a relação de gênero. Para ela, o racismo e o sexismo no Brasil são semelhantes porque:

a) Proporcionalmente, há mais mulheres que homens negros no Brasil e isso torna o racismo um importante aliado do sexismo;
b) As mulheres e a população negra vivem numa sociedade orientada por ideologias brancocêntricas e patriarcalistas, respectivamente que fazem com que os projetos de “ser negro” e de “ser mulher” precisem ser construídos num contexto em que essas identidades são negadas.
c) As relações de poder econômico privilegiam homens brancos e não homens negros, o que leva a sociedade a definir o poder de mando a partir da ótica sexista
d) Ambas as práticas são crimes previstos em lei, com pena grave; mas não têm sido tratados como tal pelas autoridades competentes
e) Em ambos os casos, a escola é a principal culpada da difusão dos preconceitos.

 2) A Lei 10.639/2003, que institui as Diretrizes Curriculares para a Educação das Relações Étnico-Raciais explicita a necessidade do tratamento da História e Cultura Africana e dos afrodescendentes no Brasil em toda a Educação Básica. Em seu artigo “Sankofa: Educação e Identidade Afrodescendente”, Eliza Larkin Nascimento analisa como a escola tem feito esse movimento e tratado as questões relativas ao continente africano. Segundo a autora:
a) A Escola, em geral, trabalha adequadamente o tema da História do continente africano, dando-lhe a devida importância no currículo. Também trata da História e Cultura dos afrodescendentes no Brasil, principalmente do período em que foram escravos.
b) A Escola, em geral, trabalha adequadamente o tema da História do continente africano, dando-lhe a devida importância no currículo. Entretanto, precisa ainda avançar no tratamento dos temas de cultura da população afrodescendente no Brasil.
c) A Escola, em geral, garante o tratamento dos temas de História e Cultura Africanas e dos Afrobrasileiros no Brasil. Todos os temas são estudados, mas sem o viés religioso, já que a escola é laica.
d) A Escola, em geral, não trata adequadamente dos temas referentes à História e Cultura Africana e dos Afrodescendentes no Brasil: desqualifica sua contribuição para a cultura brasileira, apaga sua história anterior à escravidão e ridiculariza ou demoniza sua religiosidade.
e) A Escola, em geral, não trata adequadamente dos temas referentes à História e Cultura Africana e dos Afrodescendentes no Brasil: lida apenas com o lado religioso dessa cultura e extrapola a questão racial apenas tratando da cor da pele da população afrodescendente.

 3) Leia as seguintes proposições:
I – desenvolver sentimento de superioridade em relação a outro grupo de pessoas;
II – justificar que outro grupo não tenha direito a boas moradias, bons empregos, educação de qualidade, etc;
III – tratar outro grupo de pessoas como estrangeiro e estranho;
IV – demonstrar medo e suspeita frente a outro grupo. Ele é percebido como um grupo que quer ter privilégios, como, por exemplo, os melhores empregos.
Constituem-se características do preconceito racial:
a) I e II, apenas
b) I e III, apenas
c) I, II e IV, apenas
d) II, III e IV, apenas
e) I, II, III e IV

4) Em estudo realizado nas escolas públicas estaduais de São Paulo, confirmou-se a influência do estereótipo no comportamento das crianças.
Constatações como essa revelam, que:
a) o racismo, inato em grande parte das nossas crianças, é reforçado socialmente;
b) a escola nada pode fazer se não houver envolvimento da família nessa questão;
c) a escola, ao trabalhar essas questões no currículo, acirra o sentimento de superioridade de algumas crianças brancas;
d) o racismo é construído nas relações estabelecidas na sociedade e a escola também reproduz o racismo;
e) a escola não reproduz o racismo, mas sofre as conseqüências dessa reprodução na sociedade.

 5) Em seu artigo “Repercussões do discurso pedagógico sobre Relações Raciais nos PCNs, Elisabeth Fernandes de Souza analisa os PCNs e afirma que há várias incoerências no tratamento da questão; dentre elas podemos citar:
a) O fato de os PCNs rejeitarem o mito da democracia racial

b) O fato de os PCNs não apontarem a escola como lócus positivo da aprendizagem sobre diversidade e de não apontarem o caminho de eventos que a escola possa fazer, durante o ano letivo, para reforçar o tratamento do tema

c) O fato de o documento tratar a questão da pluralidade cultural como abarcando uma série de relações de diversidade: diversidade religiosa, geográfica, de renda, de gênero, etc; e que transforma a discussão num verdadeiro “caldeirão”, em que todos os discursos teóricos se acumulam

d) O fato de os PCNs abordarem com clareza única e exclusivamente o tema da raça negra no documento de pluralidade cultural, não discutindo outras etnias ou outras desigualdades que assolam o país

e) O fato de os PCNs tratarem da história e cultura africanas como centro do currículo da diversidade, sem atentar para a cultura dos afrodescendentes brasileiros.
 Gabarito: 1-b 2-d 3-e 4-d 5-c









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