segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Português - Elecando a literatura - parte 1

Planejamento a formação do aluno leitor-autor

Introdução

É comum ouvirmos dizer que o poeta tal - Carlos Drummond de Andrade, por exemplo - podia escrever desta ou daquela maneira porque era escritor, era autor. E quantas vezes nós nos incomodamos com essa prepotência literária? Quantas vezes pensamos: para eles, tudo; para nós, as regras gramaticais!
Leia a carta "Querida Ângela" e vamos pensar juntos. Nela, o autor escreve sempre preocupado com as questões formais da língua. Sua autoria recebe, pois, a interferência do que afirmamos acima - das regras gramaticais.
Veja, como exemplo, a passagem abaixo:
O verbo haver "embanana" a minha fala: houve reuniões ou houveram reuniões? Quando penso que sei, descubro que não sei.
(...)
Fico imaginando as crianças que estão começando a aprender: será que elas também têm dúvidas (têm, teem, ou tem?). Como será que elas resolvem as dúvidas?
Como você pode perceber, o autor tem dúvidas acerca da utilização "correta" do verbo haver; sobre o uso adequado do verbo ter, e questiona-se a esse respeito. Mas Carlos Drummond de Andrade também escreveu que
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
...E Drummond, "errou" ? Não, apenas utilizou-se de uma licença poética...


Refletir sobre a relação leitor-autor.

Pelo rumo desta nossa prosa, você já deve ter percebido que autoria é uma questão cujo debate envolve outras questões. Mas, neste momento, interessa-nos, mesmo, refletir sobre a relação leitor-autor.
Durante muito tempo, pensou-se que a autoria era totalmente individual e intransferível. Em outras palavras, quem escrevia um texto era dono desse mesmo texto e só ele - esse dono - tinha o poder de saber o que suas palavras realmente queriam dizer. Os leitores, neste caso, eram passivos, ficavam presos às palavras escritas, tentando decifrá-las, ou melhor, tentando adivinhar aquilo que seu autor queria realmente dizer...
Bem, se nós pensamos assim, como ficam as cabecinhas de nossos alunos, no momento exato de escrever, de expressarem suas ideias no papel? E no momento de ler ou interpretar o que outros escreveram?
Hoje, com o advento de teorias como a Estética da Recepção, por exemplo, percebemos que as coisas não são bem assim. Ou seja, sabemos que o leitor tem um papel importantíssimo na construção dos sentidos de um texto. E que o autor precisa contar com essa participação em sua obra porque ela, a partir do momento em que é lida, torna-se coletiva : processo conjunto - autor-leitor(es) - produto de todos aqueles que a leem.
Ora, essa releitura acerca da relação autor-leitor precisa entrar na sala de aula, você não acha?
Acreditamos que é muito importante para a criança entender os atos de ler, de escrever e - por que não? - de interpretar, como ações que fazem parte de sua rotina de estudos, mas que também são atos que devem fazer parte de seu cotidiano, independentemente do fato de ela encontrar-se - ou não - em sala de aula.

Planejar a utilização da relação leitor-autor em sala de aula, para o ensino da língua.

É nesse sentido que queremos construir uma outra prosa com você, que já percebeu a importância de seu trabalho docente há muito tempo. Se é que você ainda não trabalha assim, que tal fazer de cada um de seus alunos um leitor múltiplo, um produtor de textos? Será tão difícil assim???
Pense conosco. Se você lhe pede para escrever uma "redação", você está utilizando um chavão já conhecido e levando seu aluno a escrever um texto igual a tantos outros que ele já escreveu. Quando você lhe diz que o "tema é livre", na maioria das vezes você o deixa cheio de dúvidas: Será que o tema escolhido lhe agradará ? Esse tema é realmente "livre"?
Por outro lado, quando você lhe solicita que leia um texto em voz alta, nem sempre se lembra de perguntar-lhe se ele entendeu o que leu. Então, aquela leitura serviu para quê?
Vamos tentar algo diferente? Se consideramos que ler, interpretar e produzir textos são ações imprescindíveis para que o ser humano entenda e construa o mundo que o cerca; se vemos em cada um de nossos alunos um ser humano, um cidadão, um futuro profissional, podemos pensar em, por exemplo...
Fazer da sala de aula um espaço de encontro de múltiplas linguagens ...
Possibilitar momentos de leitura em diversas linguagens, entretecendo-as com textos orais e/ou escritos...
Trabalhar com as diversas formas de leitura , entremeando situações de análise e de síntese dessa leitura...
Criar situações de debate, de pesquisa e/ou de reflexão que possibilitem a produção de textos diversos por parte dos alunos, individualmente ou em grupos...
Enfatizar a importância do diálogo e do debate em momentos de avaliação das produções orais ou escritas, individualmente ou em grupos...
Enfim, ler o mundo e ser capaz de expressá-lo de diversas formas, sob diversas linguagens, e com autonomia de sua autoria.
Estas são algumas possibilidades que vislumbramos quando pensamos em um trabalho com a língua materna que envolva o aluno, realmente, em situações de produção; que o transforme em sujeito ativo na construção de sua identidade linguística e cultural. E, principalmente, que o auxilie a compreender o mundo em que vive a partir das palavras que emite - oralmente, ou através da escrita.
E você, professor, pode ser o elemento facilitador dessa construção.

Referências bibliográficas

ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião.

Verificar a importância de se perceber o aluno como um leitor e um autor de sua própria palavra.

É importante que a criança perceba, nesses atos complementares, não apenas um compromisso com uma habilidade cognitiva, mas também - e principalmente - que estabeleça uma relação tal de intimidade com a palavra oral e/ou escrita que não fique na situação descrita por Carol (na carta), com dúvidas, medos e incertezas diante de um dos mais completos meios de expressão de que dispõe: a língua materna.
Essa intimidade - proximidade precisa ser lúdica, prazerosa; ao mesmo tempo, crítica e criativa, impulsionando-a a ler, escrever e interpretar alinhavando sentidos, costurando outros sentidos ao que lê e/ou escreve. ..
Essas ações devem proporcionar-lhe momentos em que se perceba como autor de sua própria palavra e como leitor de múltiplos sentidos, o que é infinitamente gratificante, e também se constitui como um processo de construção própria, principalmente ao falarmos sobre identidade, cidadania e poder da língua.
Em outras oficinas , falamos sobre a importância de ter um outro olhar para a língua que utilizamos; de enxergá-la como instrumento de cidadania, de construção de identidade. Ora, para entendê-la assim, é preciso que tenhamos uma relação menos hierarquizada, mais próxima com nossa língua materna. E a escola pode e deve desempenhar essa função.

Planejar a utilização da relação leitor-autor em sala de aula, para o ensino da língua.

É nesse sentido que queremos construir uma outra prosa com você, que já percebeu a importância de seu trabalho docente há muito tempo. Se é que você ainda não trabalha assim, que tal fazer de cada um de seus alunos um leitor múltiplo, um produtor de textos? Será tão difícil assim???
Pense conosco. Se você lhe pede para escrever uma "redação", você está utilizando um chavão já conhecido e levando seu aluno a escrever um texto igual a tantos outros que ele já escreveu. Quando você lhe diz que o "tema é livre", na maioria das vezes você o deixa cheio de dúvidas: Será que o tema escolhido lhe agradará ? Esse tema é realmente "livre"?
Por outro lado, quando você lhe solicita que leia um texto em voz alta, nem sempre se lembra de perguntar-lhe se ele entendeu o que leu. Então, aquela leitura serviu para quê?
Vamos tentar algo diferente? Se consideramos que ler, interpretar e produzir textos são ações imprescindíveis para que o ser humano entenda e construa o mundo que o cerca; se vemos em cada um de nossos alunos um ser humano, um cidadão, um futuro profissional, podemos pensar em, por exemplo...
Fazer da sala de aula um espaço de encontro de múltiplas linguagens ...
Possibilitar momentos de leitura em diversas linguagens, entretecendo-as com textos orais e/ou escritos...
Trabalhar com as diversas formas de leitura , entremeando situações de análise e de síntese dessa leitura...
Criar situações de debate, de pesquisa e/ou de reflexão que possibilitem a produção de textos diversos por parte dos alunos, individualmente ou em grupos...
Enfatizar a importância do diálogo e do debate em momentos de avaliação das produções orais ou escritas, individualmente ou em grupos...
Enfim, ler o mundo e ser capaz de expressá-lo de diversas formas, sob diversas linguagens, e com autonomia de sua autoria.
Estas são algumas possibilidades que vislumbramos quando pensamos em um trabalho com a língua materna que envolva o aluno, realmente, em situações de produção; que o transforme em sujeito ativo na construção de sua identidade linguística e cultural. E, principalmente, que o auxilie a compreender o mundo em que vive a partir das palavras que emite - oralmente, ou através da escrita.
E você, professor, pode ser o elemento facilitador dessa construção.

Referências bibliográficas

ANDRADE, Carlos Drummond de. Reunião.

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